Capítulo 1.

Ele pegou o ônibus no começo da noite. Pessoas e pessoas como sempre, com semblantes diferentes, a maioria cansada, a maioria calada. Não consegui sentar, tinha oferecido meu lugar para uma mulher de maior vivência que eu. Sorri e fiquei em pé olhando pela janela a mesma paisagem cinza e mesclada, onde as pessoas eram fotos coloridos de vida. O ônibus parou, pude perceber alguém entrar. Olhei rapidamente mas seu olhar me prendeu, fiquei observando até que seus olhos fitaram os meus. Abaixei a cabeça rapidamente, tentando não ser notada, mas senti alguém me observando. Não sei o que tinha, mas eu encontrava ali, alguém que eu conhecia.

Percebeu?

Você já olhou para uma foto sua e viu um estranho no fundo? Te faz perguntar, quantos estranhos tem uma foto sua? Quantos momentos da vida dos outros nós fizemos parte? Ou se fomos parte da vida de alguém quando os sonhos dessa pessoa se tornaram realidade? Ou se estivemos lá, quando os sonhos delas morreram. Nós continuamos a tentar nos aproximar? Como se fossemos destinados a estar lá. Ou o tiro nos pegou de surpresa. Pense, podemos ser uma grande parte da vida de alguém.. e nem saber.