segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Um dia.

Tinha pensado escrever várias e várias coisas quando aquela gota entrou em contato com a minha pele, mas esqueci tudo, quando tentava me proteger da chuva que ficava forte e barulhenta como cada batida do meu coração a esperar aquele ônibus. Era uma porção de sorrisos e risos que me rodeavam, mas minha boca não fazia um só esforça para estampar felicidade, foram horas que eu pensei, e tentei digerir aquela frase que adentrava meus pensamentos com um golpe só.
Duas palavras pra fazer pensar, duas palavras para rachar, não sei quando vai poder unir de novo, não há cola que segure dois lados afastados, não há fita que una duas mãos em que os dedos não se entrelaçam.
Se falasse comigo, talvez resolveria. Se falasse. Fale.

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

NEVE, NASCEU!

Amanda Oliveira

NEVE

12 anos.

Ela tinha uma vida cheia de detalhes e peças pregadas pelo mestre do destino.

Seu nome? Apenas quatro letras:
- Neve!

Quatro letras adocicadas que juntas nomeavam uma bela garotinha, se bem que seu nome deveria ser ‘Reticências’, já que na sua cabeça, três pontinhos diziam muita coisa.

Ela conseguia ver além do que qualquer um via, ver além do que nome, já tinha.

Conseguia ver o lado bom das coisas, mesmo não estando tão bem.

Conseguia olhar além, apenas além.

Imaginava e imaginava, e haja três pontinhos pra infinidade de bichinhos agitados que habitavam a cabeça daquela doce garotinha, eram ideias e teorias pequeninas que se faziam grandes aos próprios olhos.

Quando via um guarda-chuva, pensava:
- O guarda-chuva não guarda a chuva, guarda a gente. Se guardasse a chuva, viveríamos num grande pedacinho de água, tentando desviar das gotinhas que teimariam em alcançar a gente.

Ah, e sobre a primavera...
Não via flores, nem cores, era inverno, aquele friozinho aconchegante, quando bate em sua porta a sua prima, a Prima-Vera, fora da estação, com um abraço apertado e aquele calor no coração.

Quando via escrito em algum cartãozinho ‘na faixa’, pensava que poderia montar ali uma casinha, uma barraca e acampar ou desfilar numa linda faixa vermelha, não pensava que ‘na faixa’ era apenas ‘de graça’.

Quando via um secador pensava...
A dor é úmida, afinal as lágrimas caem de encontro com os lábios. Usam seca-dor pra secar e sumir com essa tal da dor?

Saudade?
Saudade pra ela era uma ponte que distanciava as pessoas, mas que aproximava os pensamentos. A saudade não desamarra laços feitos pelo destino.

Queria guardar às pessoas mais especiais num potinho, pra poder cuidar delas, pra poder ter sempre pertinho, até saber que as tinha mais que perto, tinha elas dentro de si.

E o amor?

Um dia, Neve, em mais uma noite, viu aquele pequeno varal de estrelas e pôde ver mais que isso, presenciou o eclipse, um momento raro em que o Sol se encontra com a Lua, um momento único e tão esperado, fizeram seus olhos brilharem. Quando de repente olha para o lado e vê um garoto sorrindo pra ela, volta com seu olhar de encontro com o eclipse e quando vira seu rosto de novo, o garoto não estava mais lá.

Ela pensa que momentos são como um eclipse, não que aconteçam de tempos em tempos, mas que deveriam ser vividos de forma total e completa no instante em que se está.
A partir daí, pensava também no garoto, e timidamente no amor.

Passou a escrever e pensar, novas emoções deram à ela, muito sentido, mais vida e uma quantidade imensa de temas para descarregar com palavras e tinta no papel. Escrevia tanto e só queria que seu papel fosse de encontro com o daquele tal garoto, para poderem escrever uma só história, podia ou não ser dentro do “sempre”, mas que tivesse tempo o suficiente para ser apreciada, pra virar um capítulo, um início de um bom livro.

É, ela sabia, ou pensava saber sobre o tal do amor. Pra ela, um abraço era o encaixe, era ouvir o coração e saber a sintonia, era ver cores nos dias preto e branco, era ouvir mais que um refrão, era cantar junto e ter a sensação de borboletas no estômago, porque de alguma forma, as mãos tremiam, os olhares se encontravam, era uma história, um conto, com vírgulas, exclamações, no qual não existia ponto final e se existisse era apenas pra começar um novo sorriso.

E se algo estivesse errado, era só voltar, de novo, de volta, não era reviver, era sem uso de borracha, consertar os traços feitos a caneta, dando novas formas e a partir daí, fazer novos caminhos.

Neve, deveria sim se chamar “Reticências”.

Objetivo:

• Levar o pequeno leitor a explorar o mundo, não como ele já é rotulado, mas ver além, imaginar e se permitir, criar e desenvolver a sua criatividade diante não só das palavras, mas das situações diárias. Estimular o senso crítico de uma forma simples e subjetiva, além de mostrar o início de um amor e seu verdadeiro valor.