domingo, 24 de abril de 2011

25 de Abril de 2011.

Achei incrível esse texto e resolvi compartilhar com vocês:

O essencial é amar os outros. Pelo amor a uma só pessoa pode amar-se toda a humanidade. Vive-se bem sem trabalhar, sem dormir, sem comer. Passa-se bem sem amigos, sem transportes, sem cafés. É horrível, mas uma pessoa vai andando.
Apresentam-se e arranjam-se sempre alternativas. É fácil.
Mas sem amor e sem amar, o homem deixa-se desproteger e a vida acaba por matar.
Philip Larkin era um poeta pessimista. Disse que a única coisa que ia sobreviver a nós era o amor. O amor. Vive-se sem paixão, sem correspondência, sem resposta. Passa-se sem uma amante, sem uma casa, sem uma cama. É verdade, sim senhores.
Sem um amor não vive ninguém. Pode ser um amor sem razão, sem morada, sem nome sequer. Mas tem de ser um amor. Não tem de ser lindo, impossível, inaugural. Apenas tem de ser verdadeiro.
O amor é um abandono porque abdicamos, de quem vamos atrás. Saímos com ele. Atiramo-nos. Retraímo-nos. Mas não há nada a fazer: deixamo-lo ir. Mais tarde ou mais cedo, passamos para lá do dia a dia, para longe de onde estávamos. Para consolar, mandar vir, tentar perceber, voltar atrás.
O amor é que fica quando o coração está cansado. Quando o pensamento está exausto e os sentidos se deixam adormecer, o amor acorda para se apanhar. O amor é uma coisa que vai contra nós. É uma armadilha. No meio do sono, acorda. No meio do trabalho, lembra-se de se espreguiçar. O amor é uma das nossas almas. É a nossa ligação aos outros. Não se pode exterminar. Quem não dava a vida por um amor? Quem não tem um amor inseguro e incerto, lindo de morrer: de quem queira, até ao fim da vida, cuidar e fugir, fugir e cuidar?

Miguel Esteves Cardoso, in 'Último Volume'

sábado, 9 de abril de 2011

10 de Abril de 2011.

Quando a noite nos rouba o sono, o que resta é se entregar aos pensamentos e questionamentos do dia, não bastam mais respostas simples quando a cobrança e a autocrítica supera qualquer "não foi culpa sua", você se culpa em partes e sabe disso, se cobra tanto que se esgota rápido, tão rápido que nem percebe o desleixo e o tempo gasto pensando em um erro que não foi seu. Enquanto muitos procuram em quem colocar a culpa o seu problema é se culpar demais.

domingo, 3 de abril de 2011

04 de Abril de 2011.

01:01hr e como se já não houvesse saída, me vejo em um ciclo de horas, minutos e segundos contados, tem vez que prefiro parar o tempo, tem vez que quero apressá-lo, é pouco tempo, é muito tempo, tudo se torna tão decisivo que deve ser esse o motivo de odiar relógios, o tempo acaba sufocando, acaba podando situações, ideias, falas. O tempo pode ser inimigo, mas pode estar à seu favor.