sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Heterônimos.

O bom de escrever um(a) personagem é que você cria uma vida e uma situação, em que ele sofre, chora, ri, conforme você quer, podendo ou não expor o que "você" sente, ou apenas enrustindo situações diárias observadas e arquivadas na mente, de maneira questionadora e pouco diferente. Não seria um plágio de crises, seria uma releitura de dias, onde seu personagem pode ser o que quiser e fazer aquilo que você não tem coragem de fazer ou ser. Impondo sua (boa) vontade, ele é lançado ao mundo das palavras embusca de verbos e predicados para constituir seu cará(c)ter. Com o tempo você descobre que está moldando uma vida, uma pequena vida, e nela injetando sonhos, problemas (para instigar) e soluções que o mesmo confunde, querendo entender a tal vida conjugada daí então, em todos os tempos verbais possíveis.

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

Um 14 de Janeiro.

Era só mais um dia, era!
De repente você se vê nua de sentimentos, frágil e fraca. De repente você vê tudo que mais queria na vida, indo embora e fechando a porta pra não voltar. De repente você sente o céu desabar, esquece do seu orgulho e fala tudo o que o coração manda. Não mais que de repente você sente, se é que sente. Ah, eu sinto, sinto uma tristeza genuína, uma vontade enorme de não querer absolutamente nada, de só querer voltar no tempo, de querer ser mais, de querer ser o que nunca pude ser. É, eu queria ter sido mais que a palavra dita no ar, queria ter sido o abraço, e não queria essa dor que sinto no peito, que me fere, mas que qualquer objeto cortante, que me machuca mais que qualquer bala de revólver. Preferia ver sangue e sentir a dor, do que não ver nada e sentir calada.

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Passos.

Em passos largos ela se aproximava de si mesmo e se distanciava das palavras ditas anteriormente, numa conversa quando ainda estava bebendo o seu primeiro gole de café naquela manhã. Absorveu cada adjetivo mal colocado e sufocada em subjetividade, abriu os olhos para dentro de si. Percebeu o mundo que não tinha notado a existência, percebeu o sorriso, o olhar, o significado real, ignorando os adjetivos, agora permanecia "surda" aos outros que pronunciavam palavras ao vento, porque pra ela não tinha nenhum efeito. Ela colocou seus fones de ouvido e aquela velha música que lhe trazia lembranças começou a tocar e saiu a andar, sem destino, com uma única certeza, ela viveria com trilha sonora, mas um único detalhe, a pilha acabaria bem no meio da sua jornada. (interprete como desejar).